terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Relato: O Horror, O Horror

Toda eloqüência tem o seu julgamento triste. Havia prometido a mim mesma que usaria minhas palavras para o meu próprio bem, mas as vezes a noção de amor próprio se mistura à uma pitada demasiadamente grande de crueldade...e eu me lembro que não sou um dos selvagens com quem comungo. Sou pós-cristã, não sou tão antiga, ou tão primeira...as desculpas da ignorância ou da alienação não me servem e eu acabo como Kurt em seu momento de iluminação "O Horror! O Horror!".Em uma tentativa desvairada de me encontrar em um local de abrigo, me misturo com o próprio coração das trevas e me vejo esquecida como indivíduo. Distanciada da experiência que já vivi, esquecida pela civilização em que me criei...e me recriou como um pequeno Deus para pessoas que adoram deuses pequenos.Queria eu achar o meu Deus. O centro que me falta. A semente crescida no meu útero, mas depois de ter sido adorada. Ter sido embalsamada viva pela eloqüência e pela vêemencia com que falo das coisas não há um ser humano que não se intimide ou que se veja perplexo com a descoberta de que eu não passo de uma simples mulher.

Um comentário:

  1. talvez sintamos algo semelhante: um Deus interior, pessoal, intransferível e imune ao criticismo externo(e ao cristianismo externo...)que nos impelisse a algo menos cruel e enganoso que é tão caro ao senso comum...quiçá "übermensch" como diria o outro....

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