quarta-feira, 25 de março de 2009

Relato: Eva

Milhões de anos e ainda somos
A placenta que sangra e não grita, as mães.
Subjulgadas por suas crias e suas noções de sacro.
Quando nos tiraram o pagão
Nos tornamos profanas e definhamos,
Como o que tinha a fruta que oferecemos à Adão.
As crias enfiam as mãos em nossa carne.
Ditam, nos torturam milenarmente.
Nosso órgão mais parece uma ferida aberta
Do que uma maçã.

2 comentários:

  1. Por que isso me soou triste e pouco feminista?
    Gostei assim mesmo...

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  2. Poema Enjoadinho
    (Vinícius de Moraes)

    Filhos . . . Filhos?
    Melhor não tê-los!
    Mas se não os temos
    Como sabê-lo?
    Se não os temos
    Que de consulta
    Quanto silêncio
    Como os queremos!
    Banho de mar
    Diz que é um porrete . . .
    Cônjuge voa
    Transpõe o espaço
    Engole água
    Fica salgada
    Se iodifica
    Depois, que boa
    Que morenaço
    Que a esposa fica!
    Resultado: filho.
    E então começa
    A aporrinhação:
    Cocô está branco
    Cocô está preto
    Bebe amoníaco
    Comeu botão.
    Filhos? Filhos
    Melhor não tê-los
    Noites de insônia
    Cãs prematuras
    Prantos convulsos
    Meu Deus, salvai-o!
    Filhos são o demo
    Melhor não tê-los . . .
    Mas se não os temos
    Como sabê-los?
    Como saber
    Que macieza
    Nos seus cabelos
    Que cheiro morno
    Na sua carne
    Que gosto doce
    Na sua boca!
    Chupam gilete
    Bebem xampu
    Ateiam fogo
    No quarteirão
    Porém que coisa
    Que coisa louca
    Que coisa linda
    Que os filhos são!

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