sexta-feira, 23 de abril de 2010

Not mean, but be e algo sobre a mediocridade dos pseudo artistas.

"Os críticos elogiam essa perfeição técnica que, no fundo, nada significa. A arte é uma coisa cruel(...)a pintura é como uma janela que abre para o fundo do nosso coração. Tudo o que vc fez nessas pinturas foi abrir uma séria de pequenas janelas para um coração cheio de pintures em voga(...)Você aqui está dizendo alguma coisa sobre Nicholson ou Pasmoere. Não sobre si própria. Está usando uma câmera. Tal como um trompel'oiel é fotografia mal canalizada, o mesmo sucede quando pintamos no estilo de outra pessoa. Você, nesta tentativa, está fotografando.Nada mais" G.P para Miranda(em O Colecionador de John Fowles)

A arte vazia é horrível, existência repugnante e pior do que a ausência da arte. Escritores que são adorados por escrever o banal de maneira banal, assim como os supostos artistas "mestres da técnica". Na minha opinião, quem não é reconhecido e é ao mesmo tempo popular não é verdadeiramente bom. Há um porão onde se escondem os grandiosos artistas, e nunca pousaremos nossos olhos nas coisas que eles conjuram...porque nossos olhos estarão confusos demais para distinguir o que é real e o que é medíocre. Estamos saturados de mediocridade. Despreso pessoas medíocres. Imitadores. Pessoas vazias que se auto entitulam algo. A Arte, por ser uma criação unicamente humana, tem em sua forma uma anatomia que pertence ao seu criador, uma sordidez triste triste, o lado só sombras. Admiro muito os que conseguiram se mostrar sem ter que se vender ao populismo. Talvez tenha sido preciso cortar uma orelha e enlouquecer ao final do processo. Mas tendo a achar que os artistas verdadeiros vivem sempre no limiar da insanidade. Talvez por enxergarem as coisas mais brilhantes do que de fato são. Eles foram de fato grandes.
Não sou uma artista, e nunca o serei. Nessa vida, ocupo o posto de admiradora. Minha alma envelhecida assume manias e temperamentos obscuros. Minhas atividades artísticas nada mais são do que atividades. Não escrevo esse texto sobre o que eu faço. O que eu faço é nada. Escrevo esse texto de puro cansaço e também  em admiração ao Fowles que conseguiu com tão poucas palavras externar o engasgo que eu sempre tive quando me perguntam se acho uma coisa ou outra bonita.
Alguns escritores nunca amadurecem e em seus livros de centenas de páginas falando sobre suas vidinhas ordinárias não encontro uma única frase que me comova.São os textos de adolescentes pretensiosos que acham que vão chocar o mundo com suas posturas arrogantes e agressivas. Uma intimidação falha faz um adulto não passar de um adolescente cruel e tirano. 
Há uma beleza em se falar de coisas feias e banais. Lembro me de ao ler "A Portrait of An Artist as A Young Man" do James Joyce, dentre todas as coisas que li nesse livro, coisas complexas e graves, ter me emocionado com a descrição de uma criança molhando a cama. "When you wet the bed, first it is warm then it gets cold. His mother put on the oilsheet. That had a queer smell".
Não condeno os best-sellers, alguns são para nos entreter e é um erro procurar metáforas bonitas neles... pode-se passar horas seguidas preso em um livro desses e isso é exatamente o que os tornam especiais. Mas admirar um escritor pop é o mesmo que se apaixonar por o roteirista de uma novela. 

Um comentário: