domingo, 9 de janeiro de 2011

O Mar.

Piscinas são cadáveres com uma mortalha transparente. Água morta. Água desperdiçada. Pré-esgoto. E cheiram à cloro. O cloro deixa meu cabelo esverdeado. Detesto piscinas.
Fiquei três anos sem ver o mar. Com excessão de um riacho que visitei, fiquei todo esse tempo sem nadar. Tolero os lagos e as lagoas. Gosto de rios e riachos. Eventualmente crescem árvores frutíferas em suas margens e vemos os peixinhos nadarem entre nossos dedos. Pequenas piabinhas e bagres escondidos nas beiradas de barro.Água gelada. Muitos insetos.  
Mas gosto mesmo é do mar. O mar é o rei de todas as águas. Me lembrando que todas as coisas tem princípio, meio e fim. E ele é o fim de todos os rios. Misterioso e infinito.
Quando se olha pra água, ela parece turva e poderosa. Caminhamos para a boca de um gigante assassino e vivo. Gigante tenro. Sabemos da existência de lulas de doze metros, das orcas e dos tubarões e plâncton e corais e algas marinhas, as perucas gelatinosas das sereias... mas vemos somente água. O mar é um deserto explodindo em vida. É tentador. Nadar no mar é uma experiência única. É a aceitação do esgoto e de toda a morte que o homem traz. Quem entra na água do mar, ainda que não saiba é humilde por um momento... e divide com os animais e seres marinhos a mesma dor que causa. O mesmo sol que queima demasiadamente. A mesma náusea das luzes artificiais.
Quando vou a praia, vou me encontrar sozinha com o mar. Me sento na areia e deixo o meu pé onde as ondas se desmancham. E contemplo.
O mar deixa de ser tímido quando se acostuma com alguém. E a impressão que tenho depois de muitos minutos é que sou eu quem controlo as ondas. "Venham brincar comigo, mas se amansem primeiro". E as ondas que molhavam os dedões do pé, por vezes brincam de vir fortes e molharem meus braços e meu corpo inteiro. E a areia se mostra tão fofa que poderia até ser uma cama. Vejo um tatuí nadar apressado. Um siri se desviar de uma garrafa de plástico vazia. Uma conchinha se deitar longe de casa, na areia seca.  Vejo cardumes de peixe saltar sobre as ondas. E aprendo onde se escondem as estrelas do mar e os tião-eremita. Pareço vinte anos mais jovem quando estou na beira do mar. Volto a ter seis. Uma menininha de maiô verde vendo o mar pela primeira vez. Pular ondinhas e castelinhos de areia.    

É como reencontrar um velho amigo. Um amigo que é um Deus.

6 comentários:

  1. Oi, Mari...
    Não esqueça de pegar o meu selo de reconhecimento
    ao seu blog como: "Arte Pura"...
    Vá buscá-lo.

    Abraços do velho Mings...

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  2. poxa vida, que linda sua relação com o mar
    reparou que com as letras de "O MAR" da pra escrever AMOR ?
    sei lá. deve ser isso que fez vocês dois terem tal história, ou não. HAHhaá
    curti tudo isso, que bom que se encontraram,
    eu confesso que tô precisando de um encontro desses,

    um grande abraço daquele que te adimira
    tando nos textos quanto nas fotos e nos paint's,
    ah e claro nas tattoo's \o/

    té breve
    bj do felipe godoy

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  3. Gosta de mar! Pois vai amar as praias cearenses, são lindas! Qualquer dia aparece por aqui.

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  4. Obrigada pelos comentários meus amores! ^_^

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  5. Não tenho nada a dizer contra as piscinas. Mas quanto ao mar, durante muito tempo foi para mim desafio e fascínio. Quando menino eu queria adentrá-lo. Sonhava com essa possibilidade. Quando adulto eu aprendi a nadar e realizei este sonho assim que encontrei uma área de águas calmas.
    O tempo passou, estive outras vezes diante do mar. Neste ano nas águas de Santa Catarina. E por alguma razão, a qual não saberei explicar, restou entre eu e o mar a contemplação. Eu o contemplo, e ele não se importa. Não preciso mais adentrá-lo para provar que o amo.


    Mari, prazer estar aqui novamente. Em casa de respeito, respeito é imposto. Ou não é? [sorrio]

    Abraço do blogueiro Jefhcardoso

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  6. Muito obrigada por seu comentário Jefh!

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