Não consigo sentir raiva da Kiwi... ela é tão selvagem, tão primeira, tão minha que não consigo ter raiva dela. Me limito a dizer "Coitadinho do calanguinho, Kiwi" ou simplesmente recolher as penas e plumas de algum passarinho. Só ela mata, só ela caça. Meu gato tem o ar patético de quem se entrega demas... ele é o meu lado mais tenro, o lado que eu mais detesto. O Tenchi também é meu. A Mimi é cega de um olho e é da minha mãe. Ela é uma coisa livre também... as vezes me acorda lambendo a minha bochecha com aquela língua-lixa sujinha dela mesma.
Uma vez acordei com um cheiro de morte no meu quarto. Um cheiro horrível de cadáver, e quando abri os olhos tinha uma ratazana de quase trinta centímetros posta do lado da minha cama.... o corpo separado da cabeça e uma poça de sangue... a primeira vez que a Kiwi matou uma dessas era dia e ela me chamou para ver. Toda orgulhosa. Seu trunfo. Nesse dia, eu dormia e ela deixou ao lado da minha cama... igual uma criança ansiosa pra mostrar o desenho que acabou de fazer.
Já vi a minha Kiwi decapitando vários animais... rolinhas, ratos, camundongos, calangos... ela os pega e os tortura até a morte... e depois os balança entre seus dentes até as cabeças se soltarem. Ela as vezes come insetos, dentre eles baratas, e nós duas dividimos o mesmo lençol. Porém, ela não gosta de encostar em mim(como o Tenchi e a Mimi gostam)... se porventura estico a minha perna e a toco, ela me morde de leve em reprovação.
E com esse jeito bruto ela me diz "amor"...ao me assistir no chuveiro do tapete do banheiro, ao deitar na minha cama, ao ficar com ciúme das minhas visitas... e principalmente ao tolerar meus carinhos...quando eu a pego no colo, ou a acaricio, ou coço a sua barriga.
Mas de algumas coisas ela gosta... os carinhos brutos(como ela) que parecem mais uma briga, gosta de ser escovada, gosta quando eu tiro meu chinelo para ela ficar roçando nele por minutos ininterruptos(ela parece ter uma adoração por determinados seres inanimados, como a bolsa verde da minha melhor amiga). A Kiwi tem mais de nove anos.
A Mimi teve três filhotinhos ontem e eu não consegui dormir... tomada de um ciúme doentio, a Kiwi fica chorando o tempo todo. Já está até rouca agora. Ela chora pra mim, olhando dentro dos meus olhos. A Kiwi é doente de ciúme, espanca os outros gatos sempre que póssível... e está insana. Ontem, quando os filhotes nasceram e eu estava no trabalho ela tentou comer um deles... saiu com ele na boca e fez a minha mãe correr e conseguir agarrá-la pelo rabo.
Hoje cedo ela me enganou, fez que já não se importava. Ficou junto comigo e com os outros gatos e quando ela sumiu, me levantei e fui atrás... quando cheguei ela estava com um deles na boca... saiu em disparada... tentei agarrá-la pelo rabo e ficou um tufo de pêlo em minhas mãos... corremos pela casa toda... ela não saltou para o telhado(apesar de ter pulado um muro)... e finalmente o largou, arrepiada, olhando pra mim e chorando. Não sei porquê ela não levou o gatinho para cima do telhado... talvez quisesse só me mostrar o quanto estava incomodada. Com as pernas ainda bambas, devolvi ele para a Mimi... e senti tanta piedade da Kiwi... eu a entendo. Olhei o estrago que tinha feito no rabo dela e nós duas não falamos mais nada sobre o acontecido. Eu praticamente pedi desculpas e ela fez o mesmo.
Queria poder amar as pessoas brutas como amo a minha gata. Digo à ela todos os dias "você é a minha favorita", no entanto, despreso qualquer demonstração distorcida de amor que venha dos seres humanos mais brutos. Dos seres humanos eu ainda espero sensibilidade.
Einstein comeu sua primeira barata essa semana,
ResponderExcluirfoi mó confusão aqui em casa,
todo mundo gritando: - tira barata da boca dele!
hahhHAHHhahHHAHhhHAHHhaaaaaaaaaHAHHhaá...
e o coitado lá, com a barata já morta na boca,
comeu tudo. eu deixei,
sei lá se fiz o certo.
mas o Einstein tava tão feliz.
eu amo meu felino. :)
bjs
http://garfosemdentes.blogspot.com/
Bom, eu não tenho um relacionamento tão estreito com animais (incluo aqui o bicho-homem).
ResponderExcluirMas não espero nada de ninguém.
Perdi a fé na humanidade faz tempo.